sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crédito imobiliário tem melhor semestre da história, com R$ 49,6 bilhões

por DANIELLE BRANT


O volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis residenciais e comerciais com recursos da poupança atingiu R$ 49,6 bilhões nos primeiros seis meses do ano, ante R$ 37 bilhões no mesmo período de 2012, com expansão de 34%, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Foi o melhor semestre da história do sistema brasileiro de poupança e empréstimo.

No segundo semestre do ano passado, o total ficou em R$ 45,8 bilhões. No acumulado de 12 meses até junho deste ano, os empréstimos imobiliários que utilizaram recursos da poupança aumentaram 19% em relação aos 12 meses anteriores, para R$ 95,3 bilhões.


Com o resultado, a Abecip mantém a projeção de crescimento do crédito de pelo menos 15% neste ano na comparação com o total de 2012 (R$ 82,8 bilhões --valor recorde, mas menor que o previsto; leia mais abaixo), para R$ 95,2 bilhões.

O motivo da alta no primeiro semestre do ano foi o volume "represado" no fim de 2012 e que acabou "desaguando" no início deste ano, afirma Octavio de Lazari Junior, presidente da Abecip. No ano passado, especialmente em São Paulo, principal mercado imobiliário do país, lançamentos de imóveis foram adiados pela demora na concessão de autorizações da prefeitura.

Com isso, os lançamentos foram realizados no começo deste ano, causando esse pico no primeiro semestre, diz Lazari Junior. Para o presidente da associação, a projeção de crescimento do crédito para este ano (pelo menos 15%) é saudável. "Não adianta a gente ter arroubos de crescimento de 40%, 50%, para depois experimentar quedas nos anos seguintes. Preferimos um crescimento menor, mas mais sustentável no longo prazo", acrescenta.

Além do crescimento do crédito para construção e aquisição, a Abecip afirma que houve uma demanda mais forte do consumidor por imóveis residenciais neste ano, principalmente por produtos mais sofisticados, com varanda gourmet.

Na avaliação de Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, porém, a expansão do crédito imobiliário neste semestre é pontual. "No cenário atual de economia crescendo pouco, renda caindo e inflação preocupante, o consumidor deve permanecer mais conservador na tomada de empréstimos de longo prazo", diz.

Em relação aos preços dos imóveis, Almawi acredita que não deva haver queda, mas os aumentos devem acompanhar o compasso da inflação, e não subir muito acima dela, como em anos anteriores. "Isso vale tanto para os preços de imóveis prontos quando para os de lançamentos."

IMÓVEIS FINANCIADOS

Em junho, o volume de concessões cresceu 51%, para R$ 11,2 bilhões, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação a maio, a alta foi de 15%.

Ao todo, 244,7 mil imóveis foram financiados nos primeiros seis meses do ano, número 14% maior que as 214,3 mil unidades registradas no primeiro semestre de 2012.

A aquisição de um imóvel é um processo complexo cujo ponto de partida é o quanto se pode aplicar no negócio.

Há uma vasta gama de linhas oferecidas pelos grandes bancos de varejo e por empresas de menor porte, especializadas em financiamento imobiliário.

O investidor, antes de tudo, deve pesquisar e fazer contas, segundo especialistas ouvidos pela Folha.

"As parcelas não devem comprometer mais do que 30% da renda da família", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, coordenador de estudos econômicos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress
É possível adquirir um imóvel com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) --nesse caso, porém, o bem precisa ser usado para moradia. Também é preciso que o bem custe até R$ 500 mil.

Há outras restrições. O comprador não pode ter outro financiamento imobiliário nem ter usado seu FGTS nos últimos dois anos (veja detalhes no quadro).

2012

Em 2012, com a desaceleração do mercado imobiliário, o número de imóveis financiados com recursos da poupança apresentou queda de 8% na comparação com o ano anterior. Foram 453 mil unidades, ante 493 mil em 2011.

A queda foi puxada pela retração de 26% no financiamento para a produção de novas unidades, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). O número de imóveis financiados por pessoas físicas, no entanto, teve alta de 7% no período.

Houve alta também no volume de financiamento pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Foram R$ 82,8 bilhões no ano passado, crescimento de 3,6% em relação a 2011 (R$ 79,9 bilhões).

Apesar do volume recorde, o resultado ficou abaixo do esperado. A Abecip projetou em julho que o financiamento para compra e construção de imóveis em 2012 somaria R$ 95,9 bilhões, número já reduzido ante estimativa inicial de R$ 103,9 bilhões para o ano.

O desempenho foi puxado pela queda de 20% no finaciamento para construção, que foi de R$ 35,2 bilhões para R$ 28,1 bilhões.

Enquanto isso, houve crescimento de 22% nos empréstimos para aquisição, que foi de R$ 44,7 bilhões para R$ 54,7 bilhões no período.
Fonte: Folha Online - 25/07/2013

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